The true story # 4

            
           As suas últimas palavras levaram-me a mergulhar novamente no passado. Por mais que eu quisesse, acabava por enfiar o dedo na minha própria ferida, e sem saber esgravatava cada vez mais, apenas aumentando o seu tamanho. Ia sentir tanta falta da alegria que em tempos vivi, e agora ter de construir tudo de novo ia equivaler a uma volta de 360º na vida que levava. Assumir responsabilidades era o que menos desejava. Ninguém o deseja!! É a maldita da transição que todos querem manter à distância, e eu já não podia fazê-lo. Era cedo ainda, e não tinha vontade de fazer nada, apenas de conversar horas a fio com a Natasha, mas mantinha sempre o mesmo pensamento prioritário, aquele que se sobrepunha a todos os outros, e que eram muitos, sendo ele o facto de eu ter de ir procurar trabalho. E comecei logo ali:
           -Natasha, sabes de algum local onde se precise alguém para qualquer tipo de trabalho? 
           -Oh, isto anda difícil, mas acho que um amigo meu com um bar, precisa de alguém. É que a falta de dinheiro é só para alguns, outros ainda se dão ao luxo de gastar umas quantas dezenas de euros em bebedeiras. 
           -É, sei bem o que isso é, já cheguei a esse ponto! - Voltei a cabeça para a janela, imaginando as noites de loucura extrema que apenas me criavam problemas.
           -Arre!! Isso já foi, é uma página virada. Tens de começar a esquecer todos os erros, apenas tens de relembrar o esforço que fazes para os tentar corrigir. Que ainda é nenhum não é, mas que daqui a uns tempos vai ser muito.
           -Oh, parecendo que não, já fiz um grande esforço com os 30 e tal músculos do meu rosto, só para te fazer a pergunta, por isso nao te queixes sim? - Aquela mania que ela tinha de me dizer sempre o que pensava dava-me vontade de rir, mas também de me tornar melhor. Incentivos naquela altura do campeonato eram tudo o que precisava, e Natasha sabia exactamente como os fazer. 
           -Parece que ainda arranjas tempo para as tuas piadólas de merda, que não têm graça nenhuma não é? Não tens emenda nenhuma minha merdosa. Nem sabes a falta que me fizeste. Acordar todos os dias e saber que apenas já não estavas mais para mim, foi muito difícil. - O seu rosto tomava estranhas expressões. Um misto de revolta e dor. Nesse instante segurei o seu rosto entre as minhas mãos, fixando o meu olhar no dela.
           -A minha vida até agora foi feita de imbecilidades, mas agora tenho-te a ti, para me indicares o rumo certo, e já mais te abandonarei de novo. Espero que me possas perdoar um dia, pois és a pessoa que mais fez por mim. E com certeza, no meio de todas, aquela que mais amo!! - Falei devagar e pausadamente para que ela entende-se que falava muito seriamente. Seriedade que andou ausente por muito tempo, e que agora retornou ao seu devido lugar.
           -É claro que perdoo, não só porque te amo, mas porque tiveste a capacidade de admitir que erras-te, pois não é qualquer um que o faz, ainda mais devido ao tamanhão da grosseria!
           -I'm not a bad person, I only had bad luck. Principalmente na escolha das pessoas que permitia manterem-se à minha volta. Mas ok, já passou. E em relação ao teu amigo, pergunta-lhe se coiso, ya?! 
           -Ya ya, eu amanha coiso sobre essa coisa com ele, depois digo-te a resposta.
           -Não fazes mais que a tua obrigação aqui para com a tua amiga!! - As gargalhadas ocupavam o ar daquela sala. Um ar cada vez mais leve e livre de pressões. Ali, era o ar da minha nova casa. E sinceramente? Estava imensamente feliz com isso.


Capitulo 3

3 comentários:

  1. you are a bad girl, muaha!

    e este fundo mata-me o sexo.

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  2. :D muito bom :). Uma lufada de ar fresco :)

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  3. isto é melhor que ler um livro,
    adorooo *.*

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