é, acontece!



Ele mentia, ela acreditava. A destreza com que a enganava fazia-o acreditar que de alguma forma ele tinha o poder de a conservar nas suas mãos. Mesmo não a amando da mesma forma simplicista que ela. Sem especulações e sem perguntas. Ela amava-o porque sim, e não porque ele era detentor dos olhos mais belos, do sorriso mais sedutor. Ele não. Gostava dela pelas suas curvas, pela sua pele sedosa. Não por ser ela própria. Mas por mais que a mentira persistisse, ela já sentia que nem tudo era tão perfeito quanto aspirava. As noites em que dormiam juntos já não eram sentidas da mesma forma, o calor já não os aquecia, levando a menor das chamas a extinguir-se. Ele olhava o tecto, ela as luzes ofuscantes da cidade que insistiam em entrar pela cortina da janela. Havia tomado uma decisão.
Não era mais este degredo emocional que ela pretendia para a sua vida. Mesmo amando-o como se ele fosse tudo, sabia que não poderia continuar a nutrir uma ilusão de um relacionamento perfeito. Ela escolheu, e no fim foi ele quem sofreu.
Todas as histórias têm uma moral, esta é apenas mais uma.

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